
Uma mulher polaca, identificada como Mirella, de 42 anos, foi encontrada viva depois de ter sido dada como desaparecida durante 27 anos. O caso, que chocou a Polónia e a Europa, ocorreu na cidade de Świętochłowice, no sul do país, e está a ser investigado pelas autoridades como possível situação de cárcere e abuso prolongado.
De acordo com a polícia local, Mirella desapareceu em 1998, quando tinha cerca de 15 anos. Desde então, os pais afirmavam aos vizinhos e conhecidos que a filha tinha fugido de casa ou que vivia com familiares noutra região. No entanto, uma denúncia anónima levou as autoridades a realizar uma busca na residência da família, onde encontraram a mulher num quarto fechado, em estado extremamente debilitado.
Os agentes relataram que a mulher estava emaciada, com ferimentos visíveis nas pernas e sinais de infecções graves. Foi imediatamente levada para um hospital, onde permanece sob cuidados médicos. “A condição dela indicava negligência severa e falta de contacto com o exterior por um longo período”, disse um porta-voz da polícia de Świętochłowice à imprensa polaca.
Apesar das circunstâncias, Mirella afirmou inicialmente às autoridades que não era mantida contra a sua vontade, versão que ainda está a ser avaliada pelos investigadores. O Ministério Público abriu um inquérito para apurar se houve privação de liberdade, abuso físico ou psicológico, e se os pais terão tentado ocultar deliberadamente a sua existência.
Os vizinhos, entretanto, mostraram-se incrédulos. Alguns afirmam ter visto o pai a fazer compras regulares, mas nunca imaginaram que a filha ainda estivesse viva dentro da mesma casa. “Eles diziam que ela tinha desaparecido há muitos anos. Nunca vimos ninguém entrar ou sair daquele quarto”, contou uma moradora à televisão TVN24.
Segundo informações do portal People e do European Conservative, Mirella vivia sem documentos de identidade, nunca frequentou consultas médicas nos últimos anos e teria passado a maior parte do tempo num pequeno quarto, com pouca luz natural. A polícia recolheu provas fotográficas e amostras biológicas do local, e os pais foram detidos para interrogatório.
O caso, que lembra os episódios de cativeiro de Elisabeth Fritzl, na Áustria, e Blanche Monnier, em França, reacendeu o debate sobre violência doméstica e isolamento forçado na Europa. Organizações de direitos humanos pedem uma investigação profunda e assistência psicológica especializada para a vítima.
As autoridades polacas ainda não divulgaram conclusões oficiais, mas garantem que “todas as hipóteses estão em aberto”. Mirella continua sob acompanhamento médico e psicológico, enquanto o país tenta compreender como uma história destas pôde permanecer oculta durante quase três décadas.



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