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Nova variante da gripe detetada na China preocupa cientistas e levanta receios de nova pandemia

Nova variante da gripe detetada na China preocupa cientistas e levanta receios de nova pandemia

Uma nova variante do vírus da gripe, identificada recentemente na China, está a gerar apreensão entre cientistas e autoridades de saúde pública em todo o mundo, devido ao seu potencial de transmissão entre humanos e risco de evoluir para uma nova pandemia.

A estirpe, denominada D/HY11, pertence ao grupo dos vírus influenza D, até agora conhecidos sobretudo por infetarem bovinos. Contudo, um estudo publicado na revista Emerging Microbes & Infections revela que a nova variante já consegue replicar-se em células humanas das vias respiratórias e transmitir-se pelo ar entre animais de laboratório, sem necessidade de contacto direto.

De acordo com os investigadores chineses, testes realizados em mais de 600 voluntários mostraram uma taxa de exposição preocupante: cerca de 73 % da população analisada apresentou sinais de contacto com o vírus, número que sobe para 96 % entre pessoas com sintomas respiratórios. Estes resultados sugerem que o vírus pode já estar a circular silenciosamente entre humanos, provocando casos leves ou assintomáticos que passam despercebidos.

Os especialistas alertam para a possibilidade de a nova variante vir a adaptar-se de forma mais eficiente ao organismo humano, o que aumentaria a sua capacidade de transmissão. Outro ponto de preocupação é a resistência parcial do vírus a antivirais tradicionalmente usados contra a gripe comum. Alguns medicamentos modernos, como o baloxavir, mostraram melhores resultados, mas os dados ainda são considerados preliminares.

Apesar da preocupação crescente, os cientistas sublinham que ainda não há provas concretas de transmissão sustentada entre humanos fora de laboratório. No entanto, apelam à vigilância global, lembrando que pandemias anteriores começaram de forma semelhante — com vírus de origem animal a atravessar a barreira das espécies.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não se pronunciou oficialmente sobre a descoberta, mas equipas internacionais de virologia e epidemiologia já começaram a analisar os dados chineses e a preparar protocolos de vigilância reforçada.

Enquanto isso, os investigadores defendem que a prioridade deve ser monitorizar a propagação da estirpe, avaliar a eficácia dos antivirais disponíveis e iniciar estudos para o possível desenvolvimento de uma vacina preventiva.

“Não há motivo para pânico neste momento, mas há razões claras para preocupação e vigilância rigorosa”, resumiu um dos autores do estudo, citado pela imprensa chinesa.

A comunidade científica internacional acompanha agora com atenção os próximos passos — consciente de que, num mundo ainda marcado pelas lições da COVID-19, qualquer nova ameaça viral exige resposta rápida e coordenada.

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